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Carta Aberta ao Senhor Ministro da Educação: O que a ANPRI pretende ouvir no Fórum do Incode 2030

Carta Aberta ao Senhor Ministro da Educação: O que a ANPRI pretende ouvir no Fórum do Incode 2030

por Fernanda Ledesma -
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Ex.mo Senhor Ministro da Educação

 Vimos por este meio dar-lhe conta do nosso sentir quando lemos o programa da 2ª Conferência do Fórum Permanente para as Competências Digitais e analisamos a notícia do expresso “Governo anuncia programa de €23 milhões para dar competências digitais à população”[1] . Veio-nos à memória a sua definição de “escola alfaiate”, neste caso com muito remendos para cobrir.

Assim, a ANPRI pretende ouvir nesta 2º conferência soluções para o seguinte:    

A Internet nas escolas está a funcionar a dois tempos “lenta” ou “parada”, precisam-se soluções. Pretendemos saber se neste “pacote” de 23 milhões está incluída a renovação das estruturas das redes e internet nas escolas.

A maior parte dos equipamentos das escolas têm mais de 10 anos. Necessidade, amplamente, difundida, quer em relatórios oficiais como o “Estado da educação 2017”[2], quer, também, em dezenas de notícias, entre as quais referimos um exemplo “Plano as escolas do futuro?”[3]. Assim, pretendemos saber, se vai ser disponibilizado algum equipamento às escolas para que sejam criadas condições para que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), quer enquanto disciplina, quer como meio para a integração transversal nas várias áreas do saber possam ser usadas condignamente, por alunos e professores.

Verificamos, ainda, que segundo o artigo do jornal Expresso vão ser disponibilizados seis milhões de euros para o programa “Computação na Escola” para o 1º ciclo. Muito bem, mas, então o 2º ciclo, o 3º ciclo e ensino secundário? Porque não têm, estes alunos, o mesmo direito.

Pretendemos ouvir, também, se a disciplina de TIC vai ter o tempo adequado para que os alunos, futuros profissionais, desenvolvam as competências digitais, no tempo certo, de modo que não seja necessário gastar quatro milhões de euros em programas de requalificação, consecutivamente. Isto, porque já não é o primeiro e dificilmente será o último.

Tendo em conta, que na disciplina de TIC, no 6º ano consta a AE “Utilizar ambientes de programação para interagir com robots e outros artefactos tangíveis”. Vai haver financiamento para adquirir os artefactos tangíveis necessários para a lecionar?

Será desta que vai ser criada uma disciplina de tecnologias, para todos os alunos, no ensino secundário? Esta, sim permitia aos alunos aprofundar as competências digitais, mas, também, sensibilizar e preparar melhor os alunos que seguem percursos escolares nas áreas das engenharias.

Quanto aos clubes de programação e robótica. Sabe, Senhor Ministro, alguns estiveram no pavilhão do conhecimento no dia 7 de dezembro, no qual foram anunciados 2 milhões para os Clubes Ciência Viva. Outros estarão neste fórum. São um orgulho. Certo!

Agora é necessário que sejam incluídos no projeto de Clubes Ciência Viva para que também possam beneficiar dos 2 milhões previstos.

Verificamos, ainda, que o painel que V.ª Ex.ª vai moderar é composto por alunos provenientes de projeto de sucesso. Alguns, projetos que existem há muitos anos, cujo sucesso depende, também, da equipa de professores que os lideram. Contudo, mais uma vez, estes não tiveram lugar ao lado dos alunos, neste palco. Mas o grande desafio que lhe colocamos é que organize um painel com os alunos com um percurso de participações disciplinares e casos em risco de abandono escolar. Ajude-nos a resolver estes problemas.

Por fim, indo agora para as metodologias ativas, fala-se, agora, de BYOD (Bring your own device). Não é que os professores portugueses são, mesmo, muito avançados. Repare-se que há anos, que usam os seus próprios devices, na escola.

Então, parece que puxamos para cima, puxamos para baixo, segundo as histórias de encantar, podemos dizer que o “Rei vai nu”, perdão a escola. Os retalhos são curtos e nem sempre aplicados no sítio certo.

Com os nossos melhores cumprimentos,

Barreiro, 10 de dezembro de 2018

  

A Direção da ANPRI