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Discussão Novas Metas Curriculares

Discussão Novas Metas Curriculares

por Carlos Nunes -
Número de respostas: 21

O documento das Metas Curriculares de TIC será uma referência da aprendizagem essencial a realizar pelos alunos em cada disciplina, por ano de escolaridade, sendo um documento normativo de utilização obrigatória a partir do ano letivo 2013/2014.

Nesta linha de discussão pretendemos que todos possam dar o seu contributo para melhoria destas metas, de forma a ser elaborado o parecer da ANPRI. 

Para além do fórum, local normal de discussão, poderão ser igualmente enviados contributos através do email metas.curriculares@anpri.pt, ou até simplesmente colocar a vossa opinião no questionário https://www.anpri.pt/mod/feedback/view.php?id=307

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Re: Discussão Novas Metas Curriculares

por Paulo Cabeleira -

Bem parece que vou ser o primeiro a abrir a discussão.

Em resposta a 'Paulo Cabeleira'

Re: Discussão Novas Metas Curriculares

por Fernando Mendes -

Querem começar por onde? 

As metas são exageradas para o tempo disponível? As metas são simples e apresentadas de uma forma muito simplista? Apenas são consensuais entre os membros e colaboradores da ANPRI?

Em resposta a 'Fernando Mendes'

Re: Discussão Novas Metas Curriculares

por João Leal -

Somos livres de ter opinião (por enquanto) por isso, podemos ter opiniões diferentes e criticar de forma construtiva. Para "bota abaixo" já chega o MEC.

Repito o que escrevi no Facebook:

"De forma geral o objectivo será pensar/agilizar/utilizar uma temática/trabalho/projecto/finalidade que englobe todas as metas e tenha um "compromisso com os conteúdos de informática... que culminam num projecto .... que se veja" (Paulo Cabeleira). Aí está a dificuldade! O ponto de partida.
Eu tenho que perder 3 aulas a explicar o "nascimento do PC"? Ou posso criar estratégias e novas formas de o fazer nas mesmas 3 aulas e ir atingindo outras metas ao mesmo tempo, sem ter que necessariamente utilizar os materiais já preparados desde sempre ou os mais habituais?"

Em resposta a 'Fernando Mendes'

Re: Discussão Novas Metas Curriculares

por Ricardo Castro -

Olá Fernando,

Não percebi se o teu post aqui no forum era um comentário ou uma questão... Porque a consensualidade é difícil de conseguir... Obviamente na ANPRI nem sempre concordamos uns com os outros mas dialogamos e é isso que estamos a tentar fazer neste momento com todos os colegas do grupo. E é-nos tão importante a opinião de todos os colegas, que op tópico foi aberto a todos os professores de informática e não apenas aos associados da ANPRI.

As metas foram apresentadas à ANPRI sem esta ter tido conhecimento prévio delas, e como tal, a ANPRI remeteu uma avaliação mais aprofundada junto da equipa que trabalhou nelas mais tarde, após uma análise mais cuidada e de sondar os colegas do grupo que representa. Obviamente todos temos a nossa opinião... eu tenho a minha, e o resto dos elementos tem a sua, assim como tu terás a tua... 

Aqui precisamos de dialogar e tentar chegar a um consenso que seja bom para o grupo agora, mas também para o futuro... Pensar só no amanhã pode ser minimalista e tem sido isso que tem andado a prejudicar o grupo até hoje...

Muitos até hoje o que queriam era não se chatearem muito com os alunos/formandos... Hoje, muitos dos que passaram por esses colegas devem questionarem-se para que serviu a disciplina... E isso depois acaba por prejudicar-nos...

 

Cumps

Em resposta a 'Fernando Mendes'

Re: Discussão Novas Metas Curriculares

por Vera Oliveira -

Penso que as metas são muito exageradas para o tempo disponível. Eu dou TIC aos 9º anos já há anos e tenho sempre a sensação que tenho pouco tempo para a consolidação e o trabalho do "conceito" mas agora isto ainda vem reduzir mais...

E não nos esquecemos que os alunos dos 7º e 8º ano estão numa fase da adolescência ainda mais complicada do que os do 9ºano. Isto terá reflexo no ritmo de apredizagem.

Eu utilizava, no mínino, 10 aulas para o processador de texto e agora? Reduzo a quantas?! Mesmo conceitos menos tempo, logo menos apredizagem.

Vera Oliveira

Em resposta a 'Carlos Nunes'

Re: Discussão Novas Metas Curriculares

por Paulo Cabeleira -

Temos de centrar todo o nosso trabalho em duas grandes Metas: "Produção e edição de documentos" e "Produção e edição de apresentações eletrónicas" isto no 7º ano.

As outras têm de ser trabalhadas de forma transversal.

Em resposta a 'Paulo Cabeleira'

Re: Discussão Novas Metas Curriculares

por Paulo Cabeleira -

Logo no primeiro período, podemos começar com um Processador de texto e aqui sugiro que seja livre, que mais ningúem a não ser o grupo de informática saiba explicar.

Vou fazer um documento e já o partilho convosco ok?

Em resposta a 'Carlos Nunes'

Re: Discussão Novas Metas Curriculares

por Hilário Russo -

Eu considero que faltam as unidades de medida de armazenamento em memoria, todos a gente hoje em dia necessita saber o que são e a relação entre bits, bytes, KB, MB, GB, TB... Penso que é mesmo muito importante.

Também me pareceu que realmente o programa já vai muito extenso para 90 minutos. Penso que pelo pouco tempo que temos de disciplina, deveremos apenas seleccionar o mais essencial, e sermos exigentes nessas apresendizagens, TIC tem que começar a marcar os alunos como uma disciplina mesmo muito importante no seu futuro.

Cumprimentos,

   Hilário Russo

 

Em resposta a 'Hilário Russo'

Re: Discussão Novas Metas Curriculares

por Vera Oliveira -

Concordo com o colega! Penso que nos devemos centrar no essencial e sermos exigentes nessas aprendizagens. Não nos devemos a colocar a dar muitos conteúdos. Penso que devemos repensar nestas metas de modo a torná-las menos extensas. O programa do 9º ano já era muito extenso e estas vêm acrescentar mais com menos tempo.

Em resposta a 'Carlos Nunes'

Re: Discussão Novas Metas Curriculares

por Susana Cascais -

Faz-me um pouco de confusão já se estar a falar em planificações quando se deve falar das metas. Concordamos ou não com elas. É isso que está na mesa!

Como não consigo anexar um ficheiro porque dá erro, aqui está o meu comentário:

"Sou docente profissionalizada e coordenadora do grupo disciplinar 550 – Informática numa escola de 2.º e 3.º ciclos do ensino básico e tenho os seguintes comentários em relação às metas curriculares TIC para 7.º e 8.º anos:

  • Só consigo viabilizar estas metas se elas tiverem sido elaboradas para um ano letivo completo, quer isto dizer para um mínimo de dois tempos letivos por semana anuais e com a turma dividida em turnos e, ainda, para serem distribuídas por 3 (e não 2) anos de  escolaridade;
  • As metas curriculares são demasiado ambiciosas, abrangem conteúdos muito extensos para o período e tempos semanais      propostos para a lecionação das disciplinas, comprometendo-se a qualidade das aprendizagens por não haver tempo para consolidação de conhecimentos:
    • O 7.º ano tem 5 páginas de metas para atingir! É       impossível cumpri-las todas:
      • Os objetivos do programa do 9.º ano de TIC para  90m semanais por ano, que era dado num ano letivo com muita dificuldade, foram concentrados nas metas de um semestre do 7.º ano com os mesmos 90m semanais que serão impossíveis de cumprir com a seriedade e exigência necessárias para um ensino de qualidade;  
      • As metas do 7.º ano são desmotivantes para os  alunos, com conceitos muito teóricos (e impertinentes para a prática) e pouca prática. P.e., na Informação I7 - a história das TIC e a evolução  da internet e da WWW;
      • As metas de 7.º ano – Produção P7 – são muito exigentes para o período reservado para a lecionação e a consolidação de conhecimentos;
      • O trabalho de projeto sugerido ser iniciado no 7.º ano, demora o seu tempo e devia ter uma aplicação informática  associada ao seu planeamento.
    • O 8.º ano tem 6 páginas de metas para atingir! É       igualmente impossível cumpri-las todas:
      • Quando se fala em folha de cálculo no 8.º ano, não se considera que a potencialidade dos conteúdos de uma aplicação como o Excel demora por si só um semestre a ser consolidado,        principalmente quando se fala em apenas 90 minutos semanais;
      • No 8.º ano fala-se na utilização de salas de chat e redes sociais. Este tópico pode não ser abordado pois não é        consensual junto dos Encarregados de Educação, muitos não querem que os seus educandos tenham acesso à utilização deste tipo de aplicações;  
      • No 8.º ano, o projeto multimédia por si só demora um semestre a lecionar, principalmente quando se está perante alunos que é a 1.ª vez que interagem com o tipo de ferramentas proposto. Compromete-se o seu sucesso à disciplina quando os conteúdos são lecionados "rapidamente para cumprir programa”, sem dar tempo para a consolidação e correta aplicação dos conhecimentos;
    • Quando se fala em 45m/semana anuais ou       90m/semana semestrais, com turma inteira ou até mesmo por turnos, devido à extensão das metas, compromete-se qualquer possível interdisciplinaridade, quer com Matemática ou com outra potencial disciplina, essencial para construir um portefólio pertinente;
    • Não é possível realizar pequenos projetos quando se tem apenas 90 minutos por semana, num único semestre. Ou bem que se consegue lecionar conteúdos ou bem que se desenvolve um projeto que precisa de conhecimentos consolidados para o fazer;
    • Quando se fala em projetos do tipo eTwinning,       deverá ser considerado à partida que os alunos só têm contato com a disciplina durante um semestre e que, por esse motivo, a maioria do trabalho para       esse projeto partiria do professor que não tem horas no seu horário para tal. Ainda, neste tipo de projeto normalmente envolvem-se outras disciplinas além da TIC que, por diversas vicissitudes, não estão       disponíveis para esse tipo de trabalho. Também é necessário acesso aos PCs, mesmo quando a aula de TIC não está a decorrer, o que é um constrangimento quando na maioria das escolas 2+3 só há uma sala TIC e, nalgumas, os alunos não têm PCs nem internet em casa;
    • A utilização do moodle requer um gestor de moodle na escola e, em algumas escolas do ensino básico, não existe horário para esse tipo de gestão;
  • Compromete-se toda a avaliação de um aluno pois não é possível (falta de tempo) aplicar instrumentos de avaliação sumativa;
  • Fica a faltar a parte de bases de dados (Access), aplicação tão importante e utilizada na maioria das empresas que empregam grande parte dos licenciados deste país;
  • E ainda, não foram considerados os objetivos do manifesto e-skills 2012.

Por todos estes motivos, exige-se a necessidade de manter a disciplina TIC como obrigatória no 9.º ano, além da TIC no 7.º e 8.º anos de escolaridade, com um mínimo de 90m/100m (2 tempos) semanais por ano, para que seja possível adquirir ou consolidar conhecimentos já adquiridos no Word, Powerpoint, Excel e Páginas Web/Blogues e permitir introduzir conhecimentos novos como as ferramentas Web 2.0, Access e uma aplicação informática de Planeamento de Projeto (como p.e. aplicação Project).

Finalizando, fiquei indignada por verificar que vários dos autores/consultores do documento em análise não são docentes profissionalizados de informática ou então estão afastados do ensino básico estando desenquadrados da realidade atual. Estes fatores parecem explicar a desadequação da proposta tal como foi apresentada e conduzem a que os autores/consultores não possam ser vistos como peritos ou habilitados a propor, redigir ou opinar sobre metas nacionais para um grupo disciplinar que requer uma licenciatura profissionalizante na área de informática."

 

Em resposta a 'Susana Cascais'

Re: Discussão Novas Metas Curriculares

por Paulo Cabeleira -

Olá a todos, a situação não está fácil, se por uma lado acho que as metas são demasiado extensas, por outro penso que não temos outra hipotese (dúvido que mesmo após discussão, as alterem).

Se não temos outra hipotese, temos de reflectir sobre como podemos aplicá-las.

De nada vale discutir que devíamos manter a disciplina no 9.º ano, agora já não adianta!

Fica-se pelo 7.º e 8.º ano e temos é que transformá-la numa disciplina útil, motivadora e reconhecida como tal por todos.

Vamos centrar energias e pensar nisto!

Mas pergunto eu, que tantas vezes o fiz na página do facebook do grupo, por onde andaram os professores do grupo 550 quando isto começou? Agora,... agora é tarde demais para lamentar (não pretendo atingir ninguém em especial, é um desabafo pessoal como tantos outros que emiti no facebook).

Antes de mais felicito a todos que tenham já apresentado uma proposta principalmente os colegas da ANPRI, que tanto têm tendado fazer por manter este grupo.

Em resposta a 'Susana Cascais'

Re: Discussão Novas Metas Curriculares

por Carlos Nunes -

Olá Susana!

Obrigado pelo excelente contributo...

Penso que as propostas de planificações apresentadas, servem apenas para tentar visualizar de que forma as aulas decorreriam com as metas atuais (independentemente dos seus autores concordarem com elas, ou não).

E realmente é verdade, a discussão sobre as metas, não tem sido muito proveitosa... 

Grande parte da discussão anda à volta do excesso de ambição das metas (para tão pouco tempo). Mas o que é interessante, é que ninguém consegue dizer "este conteúdo pode sair". Aliás, na mesma discussão até se diz que faltam conteúdos sorriso

Penso que a discussão não deve ser se concordamos ou não com elas... Aí ganha o não de certeza. 

Vale a pena discutir as metas? Claro que vale. Desde que dessa discussão saiam propostas de melhoria...

Pelo que tenho visto, no FB do G550 por exemplo, quase que me atrevo a dizer que as propostas de melhoria foram... zero...

Quando lançámos o questionário para recolher essas sugestões (Recolha de opiniões), os colegas que deram a sua opinião foram muito poucos...

Em relação aos autores, penso que está a ser injusta, uma vez que dos três, dois deles são docentes do nosso grupo (professores mesmo sorriso). Em relação ao 3º elemento, a ANPRI já se pronunciou sobre isso.

Por acaso reparei que noutras equipas de autores das metas (como de Português), não existiam efetivamente professores do ensino básico e secundário.

PS: Penso que não é produtivo juntar a discussão da carga horária de TIC com a das metas (uma vez que o "barco" da reorganização curricular já "atracou"). Vamos gastar as nossas energias a tentar ajustar as metas ao tempo que temos. No futuro, lá tentaremos que TIC tenha um papel mais importante na escola.

Em resposta a 'Carlos Nunes'

Re: Discussão Novas Metas Curriculares

por Susana Cascais -

Quanto à discussão das metas, penso que faltam conteúdos e que alguns estão lá a mais, como referi na minha proposta.

Primeiro tem de se entender se queremos uma disciplina prática ou teórica, pois devido às limitações de tempo e carga horária não podemos ter ambas nem todos os conteúdos que se pretende. Não se pode querer tudo porque senão não se consegue fazer nada.

Referindo apenas alguns exemplos:

  •  A história do PC e da internet em nada contribui para a sua utilização e são conteúdos que deveriam ser eliminados. 
  • Quanto ao email, a grande maioria dos alunos já têm email pelo que não faz sentido explicar como se cria um (se houver algum aluno que precise de ajuda, isso será feito pontualmente e não deverá ser incluido no programa).

Em relação aos autores, penso que houve aqui um equívoco. Quando referi "vários dos autores/consultores do documento em análise não são docentes profissionalizados de informática ou então estão afastados do ensino básico estando desenquadrados da realidade atual." Diga-se que vários são mais que um e referia-me a 1 autor e pelo menos 1 consultor, visto que os consultores são professores universitários mas não na área de informática e muitos não têm contato com a realidade atual do ensino básico, estando aqui só porque fizeram um ou outro estudo sobre internet ou as TIC. Desculpe-me se isto não ficou claro à primeira. Ainda saliento que até alguns dos professores do nosso grupo que estão integrados em apenas cursos profissionais e afastados do ensino básico também poderão não ter conhecimento do contexto real do 3.º ciclo, podendo incorrer em sugestões desadequadas ao perfil dos alunos dos anos de escolaridade em análise.

Quanto à carga horária, penso que deve sim ser incluída nesta discussão pois é devido a esta que as metas são ambiciosas e irrealistas. Se a carga horária fosse maior, provavelmente ninguém estaria a por em causa qualquer das metas apresentadas.

E em relação ao 'barco' já ter atracado no que se refere à reorganização curricular, penso que ele pode sempre voltar a navegar, a não ser que se afunde pelo caminho! Visto que estas metas são para entrar em vigor em 2013/2014 ainda podemos incluir na discussão, novamente, a carga horária e o currículo noutros anos.

Não se esqueçam que, com a redução de cursos profissionais na área de informática, será a inclusão de outras disciplinas da área das TIC no ensino regular que permitirá a continuidade de horários para todos os professores de informática pertencentes ao quadro. Até porque, com a rentabilização de recursos, qualquer professor que seja certificado em TIC e não profissionalizado em informática, pode dar disciplinas que supostamente pertencem ao nosso grupo.

Em resposta a 'Carlos Nunes'

Re: Discussão Novas Metas Curriculares

por Lúcia Silva -

Possivelmente já foi sugerido, mas na minha opinião, o correio eletrónico deveria ser das primeiras metas a ser abordadas (para o registo na moodle, por exemplo) e por isso estar nas metas do 7º ano. 

Em resposta a 'Carlos Nunes'

Re: Discussão Novas Metas Curriculares

por Hugo Filipe -

Colegas, muitos parabéns pelo esforço de iniciativa e pelo investimento em forma de contributos. Todos ganhamos, principalmente os alunos.

Susana Cascais: muito boa contribuição.

Concordo com a generalidade da maior parte das ideias referidas, com as seguintes excepções:

  • “As metas do 7.º ano são desmotivantes...” – a motivação depende inteiramente do factor criatividade, ou seja, da forma/estratégia de leccionação/exposição dos conteúdos pelo professor. Pessoalmente, com os recursos, ferramentas e instrumentos à minha disposição, acho difícil ensinar sem motivar.

  • “No 8.º ano fala-se na utilização de salas de chat e redes sociais. Este tópico pode não ser abordado pois não é consensual junto dos” EEs – esse tipo de opinião dos EEs não é irrelevante, mas infundada por ignorância. Obviamente que os alunos devem aprender técnicas de defesa da integridade da sua individualidade perante a necessidade de utilização dessas plataformas, que, segundo a maior parte dos especialistas em TI, é incontornável.

  • “Fica a faltar a parte de bases de dados (Access)” – Deduzo que referisse a um Sistema de Gestão de Bases de Dados (SGBD), ou é patrocinada pela Microsoft? ;) Duvido da importância da leccionação deste tipo de instrumentos no 3º ciclo e questiono-me sobre se seria adequado confrontar os alunos com as 3 formas normais. Com que objectivo concreto? Defendo sobretudo que os alunos devem ser preparados para o mundo de hoje e do futuro. Antes dessa matéria seria prioritária a programação em HTML5 ou a outra linguagem orientada a objectos/eventos, por exemplo. Nos EUA, já se iniciou uma discussão sobre a adição de conteúdos de programação no currículo do ensino básico.

  • “Por todos estes motivos, exige-se a necessidade de manter a disciplina TIC como obrigatória no 9.º ano” – assunto aberto à discussão, encerrado recentemente.

 

Análise crítica:

Se por um lado a “definição da planificação do professor" (que "deverá ser desenvolvida de forma autónoma e em função do trabalho de avaliação diagnóstica”) permitirá aplicar o ênfase da leccionação dos “novos conteúdos”, em detrimento de outros já assimilados e evidenciados durante o diagnóstico, por outro lado essa autonomia implicará que todo um semestre de trabalho seja planeado (que não é sinónimo do termo “preparado”) no espaço de uma semana.

Com 24 tempos lectivos (isto é, 24 turmas) e 11 não lectivos (aproximadamente), o professor de TIC deve ignorar o restante trabalho docente e (conseguir) dedicar 20,625 minutos do seu tempo de trabalho a analisar as fichas de diagnóstico de 30 alunos (vá, 25), a reflectir, a decidir e a redigir o documento da planificação dessa turma – 20,625 minutos para analisar 30 fichas = pouco mais de 40 segundos por ficha. É uma possibilidade difícil, mas permitida.

Parece-me vantajoso ter um currículo convencional, organizado por conteúdos e objectivos ou, alternativamente, por módulos, que o professor de TIC escolheria e proporia ao conselho pedagógico da escola para retificação/ratificação para ir ao encontro das necessidades dos alunos da comunidade escolar (local).

É pretendida “uma literacia digital generalizada, tendo em conta a igualdade de oportunidades para todos os alunos”. Com 30 alunos numa sala não irá existir igualdade de oportunidades. Imaginando que determinado aluno, mais experiente nas TIC, não realiza determinados procedimentos para atingir determinado objetivo, e dado que os alunos, segundo a lei, serão obrigados a partilhar o seu material escolar com um ou mais colegas, um ou mais alunos não terão hipótese de por em prática/experimentar os conteúdos/instrumentos/ferramentas, produzindo uma avaliação certamente negativa por negligência, pois “A avaliação dos alunos nesta disciplina tem de ser articulada de forma coerente com o seu caráter prático e experimental ”.

Daí a importância do desdobramento: a necessidade o rácio de um aluno por computador. A minha experiência comprova que os melhores resultados são atingidos dessa forma, com essa fórmula. O trabalho intra e inter-grupo não correria riscos, graças às ferramentas de trabalho colaborativo das novas tecnologias de informação.

Aliás, consta na Lei (DN13-A/2012) que “É autorizado o desdobramento de turmas” exclusivamente para a “realização de trabalho prático ou experimental”. Segundo esclarecimento da DREC, para TIC não. Portanto, a DREC indica que, em TIC não há “realização de trabalho prático ou experimental”. Contudo, no documento das metas curriculares, novamente é referido que esta disciplina tem “caráter eminentemente prático” e que “alunos devem ser, desde o seu primeiro momento, nas aulas desta disciplina, utilizadores ativos dos computadores, das redes e da Internet”. Espero então o respetivo reforço do equipamento informático da escola; um reforço igual à quantidade já existente.

 

A metodologia proposta

É uma alteração no paradigma de aula, pois serão fomentadas aulas com abordagem aos conteúdos de forma informal e eminentemente prática, como na disciplina de Área de Projecto do 8º ano: “a participação dos alunos em pequenos projetos, a resolução de problemas e de exercícios práticos (…) na produção de um projeto/produto”; “encarar a utilização das aplicações informáticas (…) como uma ferramenta poderosa para facilitar (...) a resolução de problemas”; “metodologias associadas ao Trabalho de Projeto, à Resolução de Problemas e à Construção de Portefólios deverão prevalecer”. Surge novamente a dificuldade causada pelo constrangimento da carga horária atribuída à disciplina, apenas 1 tempo semanal, insuficiente para providenciar condições para o tratamento de dados e a resolução de problemas e uma correta “produção de um projeto/produto”.

Da minha experiência enquanto professor da disciplina de Área de Projecto constato que a dedicação de um mínimo de 90 minutos a aulas para desenvolvimento de projetos é o correcto: tempo para preparação e organização dos alunos – 10 minutos; realização de um ponto de situação – 5 minutos; organização do início dos trabalhos – 5 minutos; num total de 20 minutos, restando 70 minutos para o desenvolvimento.

A transversalidade das “questões de segurança” é outra motivação para o aumento da carga horária da disciplina, para, por exemplo, implementar a reflexão e a discussão sobre os respetivos assuntos.

No processo de avaliação, a eventual “reorientação do processo de ensino e de aprendizagem” requer, mais uma vez, um aumento de tempo para a sua (também eventual) implementação. Presumo que poderão existir momentos diferentes de avaliação, uma vez que os alunos “têm percursos diversos enquanto utilizadores das TIC ” e “desenvolvem experiências educativas diferenciadas”. Mas, não irá tal facto irá por em causa a existência de elementos de avaliação nos respectivos momentos formais (final dos períodos)? A classificação final é qualitativa? O objecto alvo de avaliação (contínua) é o portefólio?

 

O 7º ano

É incontornável abordar/caracterizar o hardware e o software dos computadores da sala de aula de TIC e incluir esse trabalho no portefólio, em jeito de relatório – processador de texto; pesquisas Web sobre ergonomia e restantes temas/assuntos. Os projectos poderão ter temas diferentes e a colecção por eles formada poderá constituir-se como base de estudo para a realização de provas dos conhecimentos adquiridos.

Apesar da pretendida vertente prática a atribuir à disciplina, é inevitável e necessário proporcionar momentos de reflexão e de discussão sobre determinados conteúdos, como a “evolução das tecnologias de informação e comunicação (TIC) e o seu papel no mundo atual”, a navegação “segura na Internet”, os critérios de selecção de “informação na Internet”, “os direitos de autor e da propriedade intelectual” e até para a “Produção e edição de documentos”, tendo também em vista a correcção de eventuais erros na produção de conteúdos pelos alunos.

O programa processador de texto, junto com o programa de apresentações electrónicas e o navegador Web (browser) são as aplicações (de longe) mais utilizadas durante a vida escolar do aluno – facto constatado por mim no quotidiano da escola. Posteriormente, e condicionado pela actividade profissional, apenas o navegador Web terá a garantia de manter tal título. Aliás, nas condições corretas o navegador Web substitui os outros dois programas através de serviços Web. De qualquer forma, neste ponto interessa atribuir igual valor ao programa de apresentações eletrónicas. Apesar de orientado para a tarefa de apresentação e de estar menos bem preparado para outras tarefas, este tipo de aplicações apresenta-se também como uma alternativa ao programa de processador de texto tradicional. Muitos são os que recorrem ao programa de apresentações electrónicas para realizar apontamentos, tomar notas, produzir relatórios, etc. Porém, como referido inicialmente, é bastante frequente os professores das restantes disciplinas (de 3º, 2º e até 1º ciclos) solicitarem a realização de projectos individuais, extra-aula, sob a forma de apresentações electrónicas. Portanto, há fundamento, vantagem, adequação e necessidade de incluir/antecipar este assunto para o 7º ano (ou ainda mais cedo).

Ainda no espírito da antecipação e nos pedidos de realização de projectos por professores, é relevante incluir a abordagem a ferramentas/aplicações de edição multimédia (imagem, som e vídeo) neste ano escolar.

Como introdução à produção e publicação de conteúdos na WWW é também relevante introduzir os alunos ao HTML.

Neste ano letivo as turmas dos 7º anos frequentaram uma sessão de esclarecimentos sobre segurança online, pelo Dia Europeu da Internet Segura. A esmagadora maioria dos alunos era assinante e utilizador activo de uma conta de uma rede social. Então, haverá negligência ao ignorar e adiar este assunto.

 

O 8º ano

Pela proposta das metas curriculares, está implícita a obrigatoriedade do aluno possuir e manter uma conta de correio electrónico. O acesso a equipamento informático por parte de eventuais alunos com carências económicas poderá ser garantido através de pontos multimédia, como as bibliotecas escolares. Valeria a pena pensar na atribuição de algum tipo de prioridade para garantir a utilização desses recursos por estes alunos?

Justificada pela maturidade dos alunos na operacionalização das novas tecnologias de informação e pelas ferramentas que pelos primeiros são já informalmente/formalmente utilizadas, a maioria das metas apresentadas para o 8º ano devem antecipadas para o 7º ano, nomeadamente:

  • “Conhecimento e utilização adequada e segura de diferentes tipos de ferramentas de comunicação, de acordo com as situações de comunicação e as regras de conduta de funcionamento de cada ambiente digital”;

  • “Uso da língua e adequação linguística aos contextos de comunicação através da Internet”;

  • “Comunicação e colaboração em rede”;

Um argumento para a motivação anterior é consubstanciada pela rentabilização, via novas tecnologias de informação, e pela melhoria global na qualidade que os projectos e trabalhos dos alunos sofreriam.

A alínea 8. do ponto 2. da meta “Comunicação e colaboração em rede” revela a necessidade de possuir conhecimentos básicos de HTML.

O Course Management System (CMS) Moodle é nomeado frequentemente. Contudo, para facilitar a colaboração de “especialistas” na aula ou no projecto dos alunos e enriquecer a experiência destes seria bom que fosse salvaguardada a utilização de plataforma de apoio ao ensino e aprendizagem alternativa equivalente, por exemplo, as Google Apps.

A eficácia da implementação deste modelo/paradigma exige planificação e preparação cuidada. É fundamental proporcionar oportunidade para por em prática as referidas atividades (planificação e preparação). Perante a possibilidade de leccionar 24 turmas, não é exequível. Assim, este modelo/paradigma com uma carga horária de 45 minutos semanais, falha à partida.

Com a excepção do programa de folha de cálculo, que poderia ser abordado apenas no 8º ano, todas as temáticas deveriam ser introduzidas e exploradas no 7º ano, para depois, no 8º ano, proceder a uma abordagem das mesmas mas de forma mais aprofundada. Trata-se de matéria útil e relevante para a vida académica, pessoal (no presente) e profissional (no futuro) dos alunos.

De resto, parece-me bem.

 

Colega Carlos Machado Nunes, o questionário não funciona – erro.

 

Para terminar, três offtopics:

  • A adopção de uma nova postura e de uma nova via de argumentação é urgente; os professores devem defender a formação e preparação completa dos seus alunos, em vez de defender apenas o seu posto de trabalho; se a argumentação de fundamentação não tiver força legítima e valor para o país, não serão consideradas; isto é, se for revelado o perigo que o erro da subtracção da leccionação das Tecnologias de Informação / Computação ao ensino, os argumentos terão legitimidade para a tão necessária análise (e discussão) transversal, séria, pelas instâncias superiores e parceiros sociais.

  • Cada vez mais me parece que a disciplina deveria ser designada por Tecnologias de Informação. O acto de comunicação está implícito no acto e conceito de “informação”. O próprio documento de proposta das metas curriculares sustém esta opinião, através dos excertos: “e desenvolver neles a capacidade de pesquisar, tratar, produzir e comunicar INFORMAÇÃO das TECNOLOGIAS”; “livros, revistas, enciclopédias, jornais e outros suportes de INFORMAÇÃO”.

  • Apesar de terem já sido apresentadas várias planificações para os dois anos da disciplina (trabalho esse de muito louvor, não só pelo documento mas, sobretudo, pelo espírito de partilha) defendo que devemos manter a exigência dos 90 minutos semanais. Portanto, todos os documentos deveriam prever essa carga horária. A indicação dos 45 minutos é grave e contraproducente – os alunos, enquanto futuros trabalhadores, serão as principais vítimas deste processo.

Porque quero viver sem ter que suportar o terrível sentimento de arrependimento, chegar a velho com a consciência tranquila com uma sensação de dever cumprido – With great power comes great responsibility.

Agradeço o espaço e a oportunidade para partilhar a minha opinião.

Em resposta a 'Carlos Nunes'

Re: Discussão Novas Metas Curriculares

por Joaquim Duarte -

Boa tarde a todos,

Considero as metas apresentadas um trabalho útil e felicito os autores pela coragem e pela determinação em fazer tão difícil trabalho. No entanto, parecem demasiado ambiciosas considerando:

  • a idade e o nível médio dos alunos;
  • o número de alunos por turma;
  • o tempo previsto para a disciplina;
  • o número de turmas por professor;
  • o número de computadores por aluno.

Algumas das metas são de difícil entendimento tendo em atenção o programa da disciplina. O documento, por vezes, confunde metas com orientações pedagógicas.

Com base no que acabei de referir apresento com as minhas propostas de alteração de algumas metas para o 7º ano (mais tarde apresentarei o documento para o 8º ano). Este documento parte do pressuposto que esta disciplina terá 90 minutos semanais. Se tal não se verificar, teremos que dividir as metas por dois...

Em resposta a 'Joaquim Duarte'

Re: Discussão Novas Metas Curriculares

por Joaquim Duarte -

Boa tarde a todos,

Acabei de fazer o documento com as minhas sugestões em relação às metas para o 8º ano. A grande maioria das metas no documento original não correspondem ao programa a lecionar, como tal devem ser removidas. No entanto, oferecem pistas muito importantes para a criação de uma ou duas novas disciplinas de informática.

Depois de ter estudado com atenção tanto o programa de ITIC como as metas apresentadas sublinho a importância de:

  1. garantirmos metas realistas;
  2. garantirmos o cumprimento do programa da disciplina.
Em resposta a 'Carlos Nunes'

Re: Discussão Novas Metas Curriculares

por Carlos Nunes -

A ANPRI gostaria de agradecer a todos pelas sugestões apresentadas.

A nossa posição já está disponível no site da ANPRI.

As discussões deste fórum não serão apagadas, mas serão em breve movidas para o fórum de discussão geral...